A vida seria mais fácil se alguns botões virtuais viessem para a nossa realidade. Dar um unfollow em quem insuportavelmente temos que ouvir suas historias. Bloquear quem nos enche o saco. Um print seria o suficiente para guardarmos certas cenas, como aquele pôr do sol nas pedras do Arpoador. O uso do Delete seria quase que obrigatório. E, quando algo desse errado, apertaríamos o Ctrl+Alt+Del, e recomeçaríamos sem salvar.
Todo e qualquer comentário maldoso seria enviado para a caixa de SPAM. E aquela galera insuportável teria que enviar uma solicitação para ter sua amizade. Solicitação prontamente recusada, claro.
Não podemos esquecer dos cheats. Quando precisássemos de dinheiro seria só digitar “Klapaucius” e lá estariam mil reais depositados, para serem usados sem cobranças futuras.
Teríamos diversos atalhos e não precisaríamos digitar todo o endereço para chegarmos aonde tanto gostaríamos. Sem contar que a distância não seria medida por quilômetros. Mas por bytes.
Caso o nosso desejo de consumidor estivesse ativo, seria necessário mandar imprimir e logo teríamos o produto que tanto gostamos. Sem pagar e sem esperar a boa vontade dos Correios.
Mataríamos o tédio jogando Angry Birds ou qualquer outro joguinho chato e viciante. Para chegarmos a algum lugar seria necessário ir ao Google Maps e clicar no ponto “B”. Plim! Sem atrasos, sem trânsito, sem gente que não tem noção do espaço!
As imperfeições o Photoshop iria corrigir e nem entrar na faca seria preciso. Estaríamos super perto de quem admiramos. E se ficássemos doentes, era só passar o antivírus que estaríamos bem novamente.
A história da sua vida passaria no Youtube. E quando você tirasse uma foto maravilhosa, era só clicar em "compartilhar" e todas as suas redes sociais (não tão sociais assim) teriam o link.
Nada de transfusões de sangue, coração batendo mais forte ou borboletas no estomago. Mas uma quantidade absurda de fios ligando todos os circuitos.
Nada de encontrar conhecidos pelas ruas, ver alguma cena engraçada ou histórias para contar. Tudo seria virtual, sem toques, nem esperas.
Japão seria logo ali. Seu status no Twitter seria “vou dar uma voltinha por Paris”, e lá estaria você. Sozinho. Ou então, “vou comer com os amigos”. E todos estariam com suas webcams ligadas via Skype. Você não teria que disputar lugar perto de fulano, pedir o refrigerante ou o ketchup. Vida tão agitada, vida tão solitária.
O que parecia uma solução tão boa já não é bem quista, certo? Talvez o prazer da vida seja todas as essas confusões, dores, risos e o contato de pele que só a realidade pode oferecer.
Quanto aos futuros carros voadores e teletransportes, deixem que os filmes de ficção transforme-os em pseudo-realidade.
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