sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A Obviedade da Romancista.


Gostaria de iniciar este texto como se inicia um livro: poetizando, contando detalhes do ambiente e detalhes íntimos da alma dos personagens. Mas não é bem assim, pois ela é simples.  Simples, um tanto doce demais e metida a intelectual. Você tenta ter uma conversa divertida, faz umas brincadeiras e a moça te dá apenas um sorriso meia boca e volta para o seu jornal. Mas, quando menos espera, ela traz uma piada que te faz ter crise de riso e dizer para si mesmo “por que não pensei nisto antes?”. Óbvia, óbvia, óbvia. Não seria grande inspiração para nenhum dos autores que ela tanto admira, apenas mais uma fã de beleza singular. Não tem força nem determinação para ser a personagem principal. Faz um drama que deveria leva-la para o maior prêmio da TV mexicana. Age como se fosse independente, mas passa o dia inteiro olhando o celular, esperando uma chamada, sms ou qualquer sinal de vida. Tão normal como qualquer outra que cruza com você pela rua. É exatamente uma única coisa: Ela.
Você tenta acompanhar aquele ritmo, aquela vida, tenta entender o que passa por dentro, mas a cada momento ela muda as atitudes. Ontem brincalhona e carismática, hoje apenas distante. Um tanto fria durante todo o mês e, do nada, vira a maior romântica da literatura brasileira desconhecida. Não é paixão, é só aquele começo gostoso, ela te disse isto. Mas ela te diz tantas coisas só para enfeitar o que realmente é e te fazer querer ficar mais um pouco. Fica, tem café gelado, sorriso espontâneo, uma quantidade grande de livros e um coração bonzinho. Ela não faz mal a nem uma barata, acha mesmo que faria mal a você?
Seu ombro parece o lugar mais reconfortante que existe. Outros tantos fizeram o mesmo que você: encontraram o encaixo perfeito no vão entre pescoço, e aqueceram aquelas orelhas com histórias enroladas que parecem que nunca vão acabar. Depois, ela silencia suas dores com um beijo que deveria ser chamado de mertiolate, o que não arde – só esquenta. Seu coração está quebrado de tanto amar errado, de tanto doar-se e receber tão pouco em troca, ela traz a cola, a saliva, o super bonder; e lá vai você, feliz outra vez. 
Quanto aquela, que usa seu carinho e paciência no lugar de anestesias e curativos para corações partidos, está sempre usando seus sorrisos mentirosos. Na esperança de que alguém tenha a capacidade de enxergar, bem no fundo das pupilas dilatadas e por trás das olheiras mal maquiadas, que ali também pode haver um bom lugar para um repouso demorado. E fazer a deste repouso, uma morada. Saber que a medida perfeita para ombros tão confortáveis pode ser ainda mais aproveitoso. Saber que alem do café gelado, também existem biscoitos amanteigados e um bolo de maçã com casca. Que os sorrisos tão falsos, mas belos, ficam ainda mais bonitos quando são sorrisos sinceros.
Porque ela está cansada de usar frases de filmes complicados para tentar exemplificar seus sentimentos exagerados. Cansa ser uma das pessoas substitutas de Elizabethtown. Cansa ser o Tom de 500 Dias Com Ela, criando uma expectativa tão diferente da realidade, e abusando de músicas clichês do The Smiths. Sabendo que o filme mais próximo do que ela pensa sobre o amor é Closer, e isto não é bom. 
Se ela se perde num mundo de livros, filmes, músicas e quadrinhos, já deveria saber que nada dura. Só que não.


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