Poderia ser cena de filme. A música, bebida, risada entre beijos. Um bar só nosso, como no começo de uma comédia romântica, onde estou pronta para cair nas aventuras que a vida irá nos enfiar. Não sou a típica mocinha, mas você se parece bem com quem eu escolheria para terminar essa estória. Implico, falo alto, danço sem parar, bebo demais, evito diálogos profundos, me escondo por trás de uma camada de metal. Difícil invadir meu mundo, conhecer minhas fraquezas. Só deixo exposta a minha doçura. Vou distribuindo mel de flor em flor. Uma abelha reversa. Um conto inacabado, um sorriso que travou no meio do caminho. Então começo a imaginar quando você vai embora. Amanhã, daqui duas semanas ou vai esperar alguém mais interessante surgir? Quando penso em você, não é sobre o nosso futuro. Penso sobre nosso término. Eu já me acostumei com eles, rapaz. Não se sinta tão especial.
Não acredito que nada seja eterno. Minha desconfiança e medo de falhar perduram eternidades - isto se você também acredita em vidas passadas. É um sentimento que não termina. Não me encaixo, não sirvo, não funciono. Defeito de fábrica. Será que dentro do teu peito existe a peça que falta para um melhor desempenho e reparo total? Claro que não. A cura é interna. O externo só confunde e complica. Cria problemas onde as contas eram apenas de adição. O valor do x não importa se a resposta for sobre quando você volta. Que seja hoje, amanhã, quarta de cinzas ou até Natal. Um dia eles sempre voltam.
A música vai se repetir, porém com cantores e letras distintas. Uma trilha sonora repetitiva que conta sempre sobre a dor de querer alguém que nunca fica. Passeando sobre todos os gêneros, utilizando elementos urbanos como plano de fundo para os vídeos que crio enquanto visualizo a cidade pela janela do ônibus. Carros, praias, chuva, folhas, outros casais. Isso é eterno, essa inspiração baseada em fatos do cotidiano, pois me falta inspiração romântica real. Apenas idealizações e histórias que nunca começam e o fim sempre chega.
Confusa, silenciosa. Um vulcão adormecido, pronto para voltar a ação. Mas os tempos não são bons. Pensei que o El Niño me faria aquecer, só congelou. A lava quente resfriou e me cobriu de pedra, poeira e saudade. Vou usando meu canto congelado pelos mares dessa terra. Uma sereia sem porto, naufrando todos que se aproximam. Uma mistura dos elementos: Terra, água, ar e fogo. O que eu esperava dessa junção era vir a amar (virar teu mar).
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