Quem
me encara assim meio de longe, já percebeu. Enquanto o metrô que eu
perdi sai da estação, aquele alguém que estava dentro do vagão, sentiu.
Ela estava encontrando coisas novas e caiu nos meus textos, também viu. O
moço que segurou minha mão, preferiu não me incomodar. Não há como
esconder a dor. Não existe fórmula mágica que fará você colocar todo seu
sofrimento dentro de uma caixinha e jogar no fundo do mar. Vai
continuar batendo ali. Como se, a cada desvio do destino, seu dedinho
encontrasse a quina da desilusão. Pode ir até a farmácia mais próxima se
quiser, não há remédio existente pra curar essa amargura que decidiu
brotar no seu coração. O que me resta, meu bem, é sofrer.
Meu
copo está cheio e o sorriso, vazio. A carteira lotada e não me traz uma
alegria. Tá vendo aquele pôr-do-sol? Eu até aplaudiria, mas eu sei que
ele levanta e desaparece apenas por obrigação. Compartilho do sentimento
dos astros, que aparecem, fazem seu espetáculo e precisam ir embora pra
outro alguém apreciar. Então volto no outro dia, tentando te agradar
mas você se acostumou e não te interessa mais a minha beleza. Há tantas
outras maravilhas para explorar. E há tantos outros que virão a me
admirar, outros lugares para conhecer, outros aplausos para receber. Mas
nenhum, infelizmente, se compara a você.
Prometo que vou me despedir dos meus sentimentos. Já organizei meus pensamentos e percebi como consegui agir indelicadamente com o que só interessava a nós. E desfazendo esse contrato, que só possuía promessas feitas no calor dos nossos momentos, te entrego a rescisão do nosso relacionamento. Lhe dou todo o meu sentimento que fora um dia tão grande e sufocante e fico com a certeza da sua não volta. Que o tempo se encarregue de me curar e, por enquanto, vou levando a dor como um sinônimo de amor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário