Você me escreveu suas sentimentalidades. Abriu seu coração e desnudou sua alma. Achei tão bonito seu jeito de me pedir carinho, e se mostrar sensível num mundo de pessoas tão frias. Então fui, decidi tirar aquela minha casca de gelo e aceitar suas investidas. Mas de forma estranha, você sumiu. Talvez tenha gostado da minha armadura, e ficou assustado quando me viu frágil. Achou interessante esse meu jeito distante e não entendeu quando me viu te chamando pra ficar mais um pouco. Eu também não gostei.
Só que o peso da armadura triplica, fica difícil recolocar da mesma maneira e acabo criando barreira maior. Mas logo depois você voltou. Como quem não quer nada, magoado. Se interessou por outro alguém, eu entendo. Eu não me interessaria somente por mim também, não se preocupe. Pode chegar, eu sirvo bem pra curar corações partidos. Mas vai ser difícil me entregar outra vez. Você diz que tudo bem, mas não quer essa distância. Quer nossas conversas, nossos risos. A intimidade que criamos. Eu também andei por outros terrenos, posso voltar a te dar atenção. Não foi o único que errou.
Chega me dando mais carinho, faz os elogios certos. Abrindo rachaduras no gelo que reveste meu peito, mostrando todo seu calor. Eu resisto e me envolvo com outro alguém. E te conto, pra doer na sua carne o quanto doeu pra mim aquela outra vez. Eu não te contei, mas sou vingativa. Acontece. Você não gostou, ficou magoado. Falou demais, atacou e disse que não sabia mais o que fazer. Então decidi te contar que doeu te mostrar meu interior e ver você se interessando por outro alguém. Depois doeu ter servido pra ouvir sua dor, secar suas lágrimas e te oferecer um colo. Você me pede desculpas, não sabia que eu tinha aberto uma fenda no meu peito que deixou você bagunçar tudo. Vamos ficar bem?
E eu me permito outra vez retirar o casaco de metal que uso para que sorrisos como o seu não perfurem meu coração. Logo depois você aparece em vídeo, com aquele cigarro no canto da boca e aqueles lábios que foram desenhados pros meus. Fui atingida outra vez. Fraca. Fraca. Isso que eu repito algumas vezes enquanto você me faz seu brinquedo favorito. Tem meus beijos, tem meu carinho, percebe minha vontade de te fazer ficar. Mas nunca fica. Aqui não é lugar de pouso. Apenas um lugar de emergência pra decolar, depois que alguma viagem não deu certo. Joga as suas bagagens emocionais e segue a vida, deixando todo o peso e amargura. Volta pro céu. Você e seu sorriso de lábios desenhados, eu e essa armadura pesada. Quem sabe um dia você não se decide e fica.
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