Querida amiga, eu sei que você me olha dessa maneira meio desconfiada e achando que é uma tentativa de receber elogios quando te digo que sei que não sou interessante, ou qualquer outra resposta as suas dúzias de pergunta sobre tentativas de aproximação do sexo oposto. Insisto e persisto quando você não admite que eu fale os motivos pelo qual essa aproximação não ocorre. Fala que não vai me responder, que sou dramática e, ás vezes, que está cansada demais para o meu drama feminino. Pois bem, ao menos uma vez me olhe sem esses seus olhos de proteção, de afeto. Lembre de todas as loucuras que você ouviu e presenciou, de todas as vezes que pensou "não acredito nisso" quando alguma historia minha foi citada. Retire esse óculos embaçado de beleza rebuscada, e me veja de verdade. Sem isso de "legal" ou "divertida". Esses adjetivos que damos para pessoas que sabemos que não há beleza estonteante mas que buscamos uma tentativa de elogio. Eu sei, eu sou amiga de outras pessoas, já usei essas táticas também.
Eu não sou a primeira opção de ninguém. Minha beleza não enche os olhos da fileira de homens disponíveis no mercado. Não tenho aquela jogada de cabelo sensual, aquela risada meio tímida ou o corpo escultural. Não ando como o balanço das ondas ou tenho a delicadeza de uma pena. Sou aberta, sou escrachada, sou teimosa e desequilibrada. Qualquer tentativa de sensualidade provavelmente me levará a algum tombo, torção ou apenas derrubar tudo que estiver na minha frente. Minhas curvas não ficam bem em quase nenhuma roupa e, sejamos sinceros, há mais curvas do que seria desejável. Eu tive paralisia facial e por isso um lado do meu sorriso puxa mais que o outro. Tenho dores no joelho e por isso evito o salto alto. Falo demais, penso demais e sou péssima demonstrando interesse. Sinto como se estivesse vivendo num mundo onde quando me interesso por alguém, todas as outras pessoas que também estão interessadas pelo mesmo são cópias de modelos da Victoria Secret's.
Então, não me olhe com pena. Não diga de uma beleza que sabemos que não existe. Sou jeitosinha, vez em quando me arrumo bem, sei me maquiar impecavelmente e até tenho algo que possa chamar a atenção. Mas essa mesma atenção se esvai após alguns minutos de conversa. Não sou interessante, dá pra perceber. Meus assuntos não são os melhores, entedio qualquer companhia em pouquíssimo tempo e enquanto você seduz de forma misteriosa, quando vejo, eu já me entreguei de bandejo pra pessoa em questão. Não existe ainda alguém no meu mundo que queira saber o que esse meu sorriso torto e essa alma sofrida podem oferecer quando há tantos outros sorrisos mais retos e almas sem marcas para se aventurar. Sou só diversão, ótima amiga e companhia de bebidas. O mesmo que sou pra você, sou pra qualquer outro no mundo. É a vida. Eu já me acostumei. Acostume-se também
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