quarta-feira, 1 de abril de 2015

Vicioso.

Eu nunca me droguei. Não me interesso ou aceito convites de estranhos. Não gosto de beber em lugares abertos porque tenho medo. Ou cuidado. Não sei bem o que é. Sempre fui bem cuidadosa. Mas dessa vez, a única coisa que fiz foi me apaixonar. E olha o precipício pro qual a vida me empurrou. Perdi todos os meus sentidos e direções. Qual o melhor caminho pra sair daqui mesmo? Já que eu consigo me apaixonar todos os dias por ele, essa dose que quase me arranca os pulmões de tão forte, vai acontecer? Será que esses dias sem ele e eu me embriagando são sintomas de que sou viciada e estou apenas substituindo os beijos dele por uma droga a qual tenho acesso?
Sentimentos são tiros que conseguem ultrapassar qualquer blindagem, Zé. Eu disse que não ia mais cair nesse jogo. Que não ia me apegar a aquele olhar e o sentimento de proteção que só ele me passa. E estou aqui, deitada nesse chão tão frio quanto as respostas de "quando você volta?" que ele me dá. Seria mais fácil estar usando cola. Se tirassem a garrafa com o líquido, eu não estaria tão amargurada e tentando entender de todos os jeitos o que eu fiz pra ficar sem ele, Zé. Me diz qual é a dose necessária de absinto que me fará esquecer aquele sorriso que eu tomo.
Estou embriagada, alucinada e dopada. Procuro alguma reabilitação pra corações estraçalhados por carinhos maravilhosos. Você tem algum tarja preta que apague esse sentimento? Existe algum tratamento alternativo pra esses sintomas de amor que já começaram a surgir? Estou há 19 dias sem aquele corpo e estou tendo reações inimagináveis pra essa abstinência. Já te contei, Zé, que estou dormindo todos os momentos que tenho oportunidade só pra encontrá-lo nos meus sonhos? Que perdi meu medo de mostrar meus textos e até o enviei por correios tudo que escrevi sobre ele pra ver se ainda existe algum fio de esperança nesse nosso amor? Olha eu falando de amor de novo, Zé. Eu não sei nem se ainda existe folhas pra continuar escrevendo nossa história ou se ele ja virou a página e meu coração quer me empurrar pra esse sentimento mais profundo e que eu preciso de uma dose mais forte dessa substância lícita a qual chamo de "meu bem".
Me coloca num daqueles quartos brancos e acolchoados, Zé. Me prende lá e pede pros médicos me deixarem sem notícias dele. Diz que a minha internação é voluntária. Ou me deixa aqui enlouquecer você e todos os meus outros amigos, com essa história que ninguém entendeu como começou e porque parou. Me deixa lotar meu celular com notas sobre a falta que ele me faz. Me deixa fingir que estou bem, quando levantar e ir viver se tornou um peso sem o "bom dia, linda" dele. Sim, como esses pequenos elogios me fazem falta. Como essas pequenas coisas eram tão grandes pra mim e traziam sorrisos a cada vez que o nome dele aparecia nas notificações.
Então, Zé. Me deixa permanecer aqui apaixonada. Nesse estágio de aceitação do meu vício. Um dia, eu procuro tratamento ou me entrego por inteira e vou morar debaixo da coberta dele quando ele me aceitar de volta. É bem difícil, Zé. Mas ele é a coisa mais linda que já me aconteceu.

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